André PLEZ
Tratando Sombras com Ternura
“O livro é uma descida ao inferno das metamorfoses, onde as transgressões cotidianas tomam forma de redenção”.
O livro traz quatro personagens, que se entrecruzam, transformando suas rotinas estagnadas em um momento de sublimação, de quebra de paradigmas, de retratamento, de rever conceitos arcaicos, enraizados num cotidiano vulgar. Narra o nascimento e o declínio de sentimentos, de valores universais.
O livro narra a história de Paulo, jovem filósofo, cativo em seu universo de conhecimento, que se surpreende ao sentir novamente o sentimento do amor, tentando explicar suas nuances através do pensamento lógico – um jovem que investiga o mundo de uma forma singular. Outra personagem é Rafaela, mulher bela e insinuante, que percebe que sua beleza é uma arma forte, dentro da sociedade que privilegia o ideal da estética perfeita.
Ela é casada com Diogo, homem sensual, preso a uma rotina consumista, que não se confronta com a realidade, confiando apenas naquilo que lhe dá prazer momentâneo. E Mariana, uma jovem que volta para a cidade do interior e percebe que seus conflitos íntimos retornam, levando-a a lutar contra seus traumas de infância. O destino de ambos se encontram de alguma forma, em algum momento, levando-os a romper paradigmas e encarar o Novo, que nem sempre é repleto de luz, pois também encontra-se envolto por sombras.
(...) e ambos tratavam as suas sombras com ternura, para, enfim, sustentarem-se diante da frágil vela ignota, que fazia perdurar por um curto tempo a cintilante e frágil chama do existir.
Venda on-line: http://pesquisa.livrariacultura.com.br/busca.php?q=PLEZ,+ANDRE
I – CAMISA AZUL
(...) o botão se desprendia sozinho, criando uma sensação de desânimo, ainda mais para uma pessoa que não gostava muito de camisas, ainda mais naquela cor, azul demais, um exagero de azul. O tecido não oferecia o toque mais delicado, era grosseiro, como o gosto por sapatos do jovenvelho Paulo, que comprara a camisa quase por acaso, na insistência de uma vendedora que achara simpática. Tinha dificuldades em dizer não, mas se esquivava muito bem quando preciso. Estava na dúvida se vestia seu único par de sapatos pretos e desgastados, mas optou pelo sapatênis prateado e carcomido por marcas do tempo e quinas. (...)
Prefácio - trechos
Nesta obra de André Plez o mito se apresenta de jeans, de tênis, de cabelos abusados, pois talvez essa metamorfose seja necessária ou talvez exista um arquétipo na modernidade ainda velado, flertando com a palavra, que espíritos sensitivos abrem fissuras para alguns de seus lampejos. Pode até ser que a modernidade sepultou os mitos, somente restando o fetiche de mercado, como sugere Eliot em Terra Desolada e Nietzsche com a morte de Deus.
Se há poesia não se trata de mero recurso para agradar o leitor. E nem mesmo a sensualidade é usada como artifício de mercado. Tudo, tudo é água que corre no mesmo leito. É um texto desestruturante, capaz de sabotar e até solapar um certo discurso bem comportado e culto que se projeta acima da realidade social.