André PLEZ
Poesia
CONCURSO NACIONAL - POESIA LIVRE 2013
À MARGEM
E ela vive
Incrivelmente viva
Nas margens do seu regato
Rindo florescente
Sozinha como a flor que flora
Junto ao vasto chão lavrado
Pela chuva de outrora
E sozinha e com ela
ela sorri
Distante de mim
mas habitante de minh’alma
Sorri em mim
para mim ao longe
E eu sorrio para a minha flor sozinha que cresce
acompanhada
de mim e de outros
do meu carinho e da minha distância
Talvez
(sonho de pai)
Ela viva
Incrivelmente viva
Nas margens do meu regato
CONCURSO NACIONAL - 100 POEMAS 100 POETAS
Retrato de Família
no domingo
todos amuados
num canto parados
e você
com as mãos incansáveis
ágeis na obrigação imposta
pela mãe da mãe
és mãe
insaciável
no amor
e no cuidado
daqueles que te olham
amoados
CONCURSO NACIONAL - POETIZE 2014
FOTO
Em uma homenagem
a mim mesmo
arranquei minhas velhas fotos da estante
amareladas de existir
e logrei em esconder
de mim
aquele outro que fui
cheio de projetos às avessas
e sonhos de molhar colchão
agora neste tempo presente
a foto que me deixa contente
é aquela nenhuma
a que não me compete
pois livre da pressa de ser
Assisto
desta vez
o meu eu
amarelecer.
CONCURSO NACIONAL - RIMA RARA 2013
FOLHA EM BRANCO
Arrancar o papel vencido
gasto de tanto informar
lamentar o que foi escrito
vencido de tanto explicar
Tornar o silêncio o limite
num palpite certo de instigar
Movimentar a folha ao vento
lento de tanto representar
ouvir cantar a bruma
num jato d’espuma flutuante
lancinante que move a tinta
como o choro da bela amante
E assim a folha viva
no limite do não-falar
representa o estopim da vida
que não se cansa de esperar
aquilo que muda tudo
mudo no seu gesto de versar
E assim nasce a sugestão
vencida no desejo de ser
que vibra ante o não-saber
do poeta que germina a questão
no ventre da folha em flor
gasta de tanto acolher