top of page

O Sentido nos Degraus

A vida é um constante caminhar, um frequente “subir e descer”; e pode ser comparada a uma escada, com seus inúmeros e vertiginosos degraus, tendo aqui um sentido muito importante, como bem frisou Kafka: "Um degrau de escada que não foi desgastado a fundo é, do seu próprio ponto de vista, apenas algo de madeira montado no ermo." Ou seja, a vida (ou os degraus), deve ser sentida com intensidade, com poeticidade.

E a poesia se torna uma “busca de identidade da natureza humana na multiplicidade de signos", como bem disse Octavio Paz. E dentre deste universo dos signos, que se desdobram em infinitas metáforas, estão os “degraus”, que podem ser entendidos como avanços ou retrocessos na vida, na caminhada diante do milagre de existir.

E nesta perspectiva poética, metaforicamente ornada pelos degraus, o poeta André Plez analisa os solavancos e as carícias da vida, a partir de três esferas-temas: “na perplexidade, na linguagem e no amor”, ornando o livro com sugestões que envolvem a condição humana, ou seja, o que é peculiar a todos nós.

"O degrau da escada não foi inventado para repousar, mas apenas para sustentar o pé o tempo necessário para que o homem coloque o outro pé um pouco mais alto." (Huxley) 

 

Vendas: http://www.livrariaixtlan.com.br/o-sentido-nos-degraus-andre-plez.html

IDENTIDADE

 

 

de repente

a identidade em mim

presente

desencantou-se

e caiu

perdi o tom de mim

e fiquei sem

som

e

sem o sopro de saber

quem

sou

vivo

de repente

ante o tempo presente

com saudades

de mim

-INÉRCIA-

 

 

Tudo é matéria de poesia

inclusive o nada

como o nó que não foi desfeito

                        na gravata do falecido

(e que continua

no guarda-roupa

numa casa onde não se

usa mais gravata)

 

Tudo é matéria de nada

            inclusive a poesia

Prefácio

Estou lendo, como quem canta, os versos do André Plez, em sua busca de fazer a poesia acontecer. O Sentido nos Degraus é um título sugestivo para a trajetória dos versos deste livro. É recomendável que o leitor fique atento ao modo de organização desta obra, uma vez que seu autor acaba revelando ser, além de poeta, um ser da ciência, e esta, você e eu sabemos, orienta-se por passos e fases para chegar à descoberta. Ciência e poesia não se rejeitam, como pode fazer crer uma certa tendência acadêmica. O livro do André desde a organização até a feitura de alguns de seus poemas revela sugestões da ciência para o verso se fazer mais denso, profundo, sem perder o tom do poético. Na perplexidade, na linguagem, no amor, os degraus em busca dos sentidos ou os sentidos que se constroem em degraus. Do amor para a perplexidade ou desta até chegar ao amor.

 

Prof. Dr. Juscelino Pernambuco

bottom of page