André PLEZ
Entre o vírus e o verme se esgueiram poemas
SINOPSE
“Entre o vírus e o verme se esgueiram poemas” é o sexto livro lançado pelo escritor e poeta André Plez. A produção poética desta obra se insere na lírica engajada, que busca nos eventos históricos uma forma de mensuração social, promovendo uma crítica aos acontecimentos do Brasil. Desde o Golpe de 2016, o país vem sofrendo com atitudes arbitrárias por parte dos políticos, da mídia colonialista e do judiciário. Como disse Aristóteles, a poesia é mais densa, reveladora e autêntica que os tratados de história. Por isso, a urgência desta obra em versos, que explodiram sem pedir licença, buscando descrever o horror que é viver no Brasil do bolsonarismo, tendo como protagonistas, além do verme, o vírus. Assim, além do cenário necropolítico, a obra descreve de forma lírica a crise sanitária e seus melindres. Uma obra contemporânea que dialoga com os gritos mudos surgidos, principalmente, no ano de 2020. O livro descreve, portanto, aquilo que Affonso Romano de Sant'anna disse sobre a sua poética: “uma poesia que eu não quero literária, mas que transmita sangue e vida. Enfim, política, paixão e poesia”.
...texto forte, sem falsas arestas, expressando essa nossa travessia do inferno. Remete o leitor para um tempo que está se esgotando, há versos resvalando no concretismo retirados dos escombros. [O poeta] usa retroescavadeira, consegue chegar até os desavisados. Seria interessante dramatizar os poemas, foram escritos para muitas vozes.
(em diálogo com Getúlio Cardozo, poeta, escritor e artista plástico)
a morte do eu-lírico
que se esmaga ante as trevas
de infecundas e malditas palavras
que deve ouvir e relatar e gravar e poetar
para que não fuja da resposta futura
o que esse verme destroça em nossa vida
lançando rumo à fossa
nossa esperança
tardia...
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Resenha:
reminiscência
no distanciamento
me aproximei de mim
revi meus ouvidos
me deparei comigo
com sonhos antigos
do tempo de ainda criança
voltei ao véu que me cobria
ao sopro na colher de sopa
ao lenço com álcool no pescoço
e aos brinquedos no quintal
na memória
corri como só pude um dia
sem medo e com sincera alegria
que agora molesta de tão séria
ébrio de mim me sinalizo
o tempo de sonhar acabou
estamos
imersos
na dor
Prefácio
O que seria da poesia sem a realidade? André Plez se vale dessa mesma realidade lodosa para atirá-la na cara do leitor, o que faz sem perder a magia e o lirismo, em versos livres e pungentes, cadenciados, ou até mesmo em pulsantes esporros visuais.
“O vírus mascarou o rosto e afastou-nos de estar presente. O verme desmascarou o rosto e mostrou-nos quem mente”.
O corpo que busca seu caminho de volta à vida. “Um dia, afinal, seremos nós de novo, porém, intubados”, ou seja, mesmo que nos resgatemos por meio da poesia, jamais seremos os mesmos na esmagadora pós-realidade.
A marca, a cicatriz, no entanto, não sairão facilmente. “Um dia brindaremos nossa face ilesa. um dia retornaremos (in)diferentes”, sentencia Plez.
“Com quantos corpos se enterra um país?”, denuncia, diante do “pacto infernal com a chacina” e depois finaliza: “o poema carrega uma cicatriz de quem diz”.
(trechos do prefácio de Marcio Dal Rio, poeta).
“ o erro da ditadura foi torturar e não matar”
no silêncio de um peito de poeta
que se rompe letra após letra
no flagelo de um mutismo de obscuro horror
nasceu algo:
um verme que devora a carne viva
presa num porão qualquer
sendo fustigada por homens em uniforme
que gritam cospem estupram esmurram furam esquartejam enforcam queimam
aquela estudante que levantava o punho para o alto
que queria direitos
que lia livros estrangeiros