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Contos

O autor André Plez conquistou o Mapa Cultural Paulista por duas vezes, nos anos de 2010/2011 e 2013/2014, trazendo este título inédito à cidade de Mococa.

Os contos selecionados foram: "O Objeto Divino" e "Tudo é Perene".

 

Texto que veiculou na publicidade:

 

André Plez, professor de Língua Portuguesa e Espanhol do CE 357 - SESI Mococa, foi vencedor pela segunda vez do Mapa Cultural Paulista – Expressão Literatura, na Categoria Conto, concorrendo com outros 73 autores, entre diversas obras de qualidade produzidas no interior do estado de São Paulo.

 

O conto premiado intitula-se “Tudo é perene” e foi aclamado pela crítica do evento e pelo público, que ouviu a interpretação do texto através da leitura dramática proferida por atores paulistanos.

 

A premiação da Mostra de Literatura da Fase Estadual do Mapa Cultural Paulista aconteceu dia 26/05, na biblioteca Mario de Andrade, localizada na rua da Consolação, 94 –Centro de São Paulo.

 

A expressão Literatura engloba as modalidades Conto, Crônica e Poesia. Nesta edição 2013 / 2014, mais de 600 obras literárias participaram deste projeto que identifica e promove novos autores. O Mapa Cultural Paulista é um projeto realizado pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo e produzido pela Abaçaí Cultura e Arte.

TUDO É PERENE

 

Novamente arfante, rastejando a velha chinela de couro carcomido e gasto, cansado, tal como suas costas, que estalavam e estalavam, a cada passo, num som oco, de osso encostando em osso e rompendo o ar com aquele barulho de bater o pé no assoalho de taco gasto, sem lembranças do tempo em que refletia a imagem de quem por ele caminhava. Taco gasto, homem gasto. “Tudo é perene”, ouviu certa vez de um dos seus clientes, quando terminara o serviço e se queixara da idade. Ele pensou depois, mudo, por toda aquela tarde: “Perene?” Qual o sentido de tal palavra? Afinal, o que significava aquilo?  (...)

O OBJETO DIVINO

 

O que poderia dizer deste objeto? O fizemos hoje à tarde, nos preparando para usá-lo à noite, na alcova, como deve ser feito, embrenhados em alguma sombra da vigília, nos escondendo da lua, pois nem ela pode presenciar tal acontecimento. É algo único e exclusivo, para privilegiados ou não que, mirando-se na ponta do objeto, retiram ternas calmarias e turbulentas inquietações. Uma mescla de sensações, de euforia intensa, de tristeza profunda. Poderia muito bem dizer que este objeto transmuta nossa essência para além de nós mesmos. Não seria ousado afirmar que perdemos nossa identidade, todas elas, e nos tornamos leões presos em pequenas jaulas, de onde podemos apreciar somente uma pintura daquilo que foi nosso verdadeiro lar; ao invés de carne fresca, feno; ao invés de montanhas e estepes, chão enferrujado e carcomido pela urina; ao invés do céu, uma massa enegrecida pela chuva.

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